Pular para o conteúdo principal

A biblioteca de Alexandria


Segundo Carl Sagan, a lendária biblioteca de Alexandria foi uma vez o cérebro da maior cidade do mundo, o primeiro real instituto de pesquisa na história do planeta. 

A biblioteca foi o local onde seres humanos colheram pela primeira vez, de maneira séria e sistemática, o conhecimento do mundo.

Os reis gregos do Egito que sucederam a Alexandre eram sérios no que tange ao estudo. Durante séculos eles apoiaram a pesquisa e mantiveram na biblioteca um ambiente de trabalho para as melhores cabeças da época. Ela continha dez grandes salas para pesquisa, cada uma das quais dedicada a um assunto; fontes e colunatas; jardins botânicos; um jardim zoológico; salas para dissecação; um observatório; e um salão de jantar onde, nas horas de lazer, realizavam-se debates cruciais sobre ideias.

O coração da biblioteca era sua coleção de livros. Seus organizadores passavam um pente fino em todas as culturas e línguas do mundo. Enviavam agentes ao estrangeiro com a missão de comprar bibliotecas. Navios comerciais atracados em Alexandria eram revistados pela polícia - não à procura de contrabando, mas de livros. Os rolos eram levados por empréstimos, copiados e depois devolvidos a seus donos. É difícil fazer uma estimativa, mas parece provável que a biblioteca contivesse meio milhão de livros, cada um deles um manuscrito num rolo de papiro. O que aconteceu com todos esses livros? A civilização clássica que os criara se desintegrou e a própria biblioteca foi destruída de maneira deliberada. Apenas uma pequena parte sobreviveu, alguns fragmentos pateticamente esparsos. E como são sedutores esses pedacinhos de papiro! Sabemos, por exemplo, que havia nas estantes da biblioteca um livro do astrônomo Aristarco de Samos, que alegava que a Terra é um dos planetas e que, assim como eles, orbita o Sol, e que as estrelas estão imensamente distantes. Cada uma dessas conclusões é correta, mas tivemos de esperar quase dois mil anos para serem redescobertas. Se multiplicarmos por 100 mil o sentido da perda dessa obra de Aristarco, estaremos começando a apreciar a grandeza da conquista da civilização clássica e a tragédia de sua destruição.




Postagens mais visitadas deste blog

Socialism and religion

Present-day society is wholly based on the exploitation of the vast masses of the working class by a tiny minority of the population, the class of the landowners and that of the capitalists. It is a slave society, since the “free” workers, who all their life work for the capitalists, are “entitled” only to such means of subsistence as are essential for the maintenance of slaves who produce profit, for the safeguarding and perpetuation of capitalist slavery. Religion is one of the forms of spiritual oppression which everywhere weighs down heavily upon the masses of the people, over burdened by their perpetual work for others, by want and isolation. Impotence of the exploited classes in their struggle against the exploiters just as inevitably gives rise to the belief in a better life after death as impotence of the savage in his battle with nature gives rise to belief in gods, devils, miracles, and the like. Those who toil and live in want all their lives are taught by religion to be sub...

Why am I not christian

As falsas previsões proféticas apenas têm o poder sobre aqueles que foram condicionados a crer sem base na evidência e sobre aqueles segundo o nível de instrução é espantosamente carente de teoria materialista. É como se um rei arcaico falasse e suas palavras mostrassem como verdadeiras, seja como ordens, bênçãos ou maldições que poderiam fazer acontecer, magicamente, o que elas tendem a demonstrar. Acredita-se por medo a constatação imperativa da profecia paterna que remete ao obscurantismo e ao domínio subjetivo e ao triunfo geográfico ou a "experiência divina" revela o conformismo absoluto que está implícito. Em ambos os casos, a fragilidade dos crentes que concordam sem resistência extrai a crueldade do representante (muitas vezes um semi-letrado) em extrair satisfação, vaidade e dinheiro da ilusão, ou seja, de enriquecer e ganhar poder por meio da mentira.
A religião libera o homem da difícil tarefa do pensamento, ao oferecer explicações fáceis e cômodas para todos os fatos e ao desobrigá-lo de submetê-lo ao controle da experiencia e da interpretação histórica. O mesmo acontece com o ocultismo que promete uma verdade instantânea sem exigir esforço da razão.