Pular para o conteúdo principal

Tratado de ateologia


A inscrição do islã numa história que nega a História gera uma sociedade fechada, estática, encerrada em si mesma, fascinada pela imobilidade dos mortos. [...] a pretensão mulçumana a governar o planeta visa, in fine, uma ordenação fixa, a-histórica, deixando a dinâmica do real e do mundo pela cristalização fora do tempo de um universo pensado e concebido ao modo de além-mundo. Uma sociedade que aplicasse os princípios do Corão resultaria num acampamento nômade universal que ressoaria com alguns tremores básicos, apenas o barulho das esferas que giram no vazio em torno de si mesmas celebrando o nada, a vacuidade e a falta de sentido da História morta. Toda teocracia que remete ao modelo de um universo de ficção fora do tempo, fora do espaço, visa no tempo de uma história concreta e na geografia de um espaço imanente a reprodução a modo de decalque do arquétipo conceitual. Pois os mapas da cidade dos homens estão arquivados na cidade de Deus. A ideia platônica, tão similar a Deus, sem data de nascimento, sem falecimento previsto, sem imputação de qualquer maneira que seja, nem temporal, nem entrópica, sem falha, perfeita, gera a fábula de uma sociedade fechada, também ela dotada dos atributos do Conceito. A democracia vive de movimentos, de mudanças, de ajustes contratuais, de tempos fluidos, de dinâmicas permanentes, de jogos dialéticos. Ela se cria, vive, muda, se transforma, se constrói em face de um querer resultantes de forças vivas. Recorre ao uso da razão, ao diálogo das partes participantes, ao agir comunicacional, à diplomacia assim como à negociação. A teocracia funciona ao contrário: nasce, vive e usufrui da imobilidade, da morte e do irracional. A teocracia é a inimiga mais temível da democracia, anteontem em Paris antes de 1789, ontem em Teerã em 1978, e hoje cada vez que a Al-Qaeda dá voz à pólvora.

É preciso promover uma laicidade pós-cristã, ou seja, atéia, militante e radicalmente oposta à toda escolha de sociedade entre o judeo-cristianismo ocidental e o Islã que o combate. Nem Bíblia, nem o Corão. Aos rabinos, aos padres, aos imãs, aiatolás e outros mulás, persisto em preferir a filosofia. A todas essas teologias abracadabrantescas, prefiro recorrer aos pensamentos alternativos à historiografia filosófica dominante: os trocistas, os materialistas, os radicais, os cínicos, os hedonistas, os ateus, os sensualistas, os voluptuosos. Estes sabem que existe apenas um mundo e que toda promoção de um além-mundo nos faz perder o uso benéfico do único que há.

Postagens mais visitadas deste blog

Why am I not christian

As falsas previsões proféticas apenas têm o poder sobre aqueles que foram condicionados a crer sem base na evidência e sobre aqueles segundo o nível de instrução é espantosamente carente de teoria materialista. É como se um rei arcaico falasse e suas palavras mostrassem como verdadeiras, seja como ordens, bênçãos ou maldições que poderiam fazer acontecer, magicamente, o que elas tendem a demonstrar. Acredita-se por medo a constatação imperativa da profecia paterna que remete ao obscurantismo e ao domínio subjetivo e ao triunfo geográfico ou a "experiência divina" revela o conformismo absoluto que está implícito. Em ambos os casos, a fragilidade dos crentes que concordam sem resistência extrai a crueldade do representante (muitas vezes um semi-letrado) em extrair satisfação, vaidade e dinheiro da ilusão, ou seja, de enriquecer e ganhar poder por meio da mentira.

Socialism and religion

Present-day society is wholly based on the exploitation of the vast masses of the working class by a tiny minority of the population, the class of the landowners and that of the capitalists. It is a slave society, since the “free” workers, who all their life work for the capitalists, are “entitled” only to such means of subsistence as are essential for the maintenance of slaves who produce profit, for the safeguarding and perpetuation of capitalist slavery. Religion is one of the forms of spiritual oppression which everywhere weighs down heavily upon the masses of the people, over burdened by their perpetual work for others, by want and isolation. Impotence of the exploited classes in their struggle against the exploiters just as inevitably gives rise to the belief in a better life after death as impotence of the savage in his battle with nature gives rise to belief in gods, devils, miracles, and the like. Those who toil and live in want all their lives are taught by religion to be sub...

Educação nacional

  A educação brasileira é tão atrasada que não serve como instrumento de combate à superstição. Não tem como objetivo geral formar intelectuais. Veja por exemplo a expressão e a experiência que o subdesenvolvido tem com as suas cidades. Herança do iluminismo mandou um abraço.