Saddam Hussein colocou na bandeira iraquiana as palavras "Allahuh Akhbar" - "Deus é grande". Ele financiou uma gigantesca conferência internacional de guerreiros santos e mulás, e manteve relações calorosas com o outro grande Estado financiador da região, o governo genocida do Sudão. Ele construiu a maior mesquita da região e a batizou de "Mãe de todas as batalhas", com direito a um Corão escrito com sangue que ele alegava ser seu. Quando iniciou sua própria campanha de genocídio contra o povo (majoritariamente sunita) do Curdistão - campanha que envolveu o uso contínuo de armas químicas e o assassinato e a deportação de centenas de milhares de pessoas - ele escolheu o nome de "Operação Anfal", conseguindo com esse termo uma justificativa corânica - "Os despojos" da sura 8 - para espoliação e a destruição de não-crentes. Quando as forças da coalizão cruzaram a fronteira do Iraque, encontraram o exército de Saddam se dissolvendo como um cubo de açúcar em chá quente, mas se depararam com uma resistência tenaz de um grupo paramilitar chamado Fedain Saddam, reforçado por jihadistas estrangeiros. Uma das tarefas do grupo era executar qualquer um que aplaudisse publicamente a intervenção ocidental, e alguns enforcamentos e mutilações públicos logo foram registrados em vídeo para que todos vissem.
Vivemos numa era de charlatões? Já se disse muitas vezes que escritores possuem sensibilidade particular para as mudanças culturais de seu tempo. Portanto, a publicação em língua inglesa, nos últimos anos, de dois romances intitulados Charlatans – um de Robin Cook, outro de Jezebel Weiss – pode ser um sinal de alerta de que isso esteja acontecendo. Talvez esses livros sejam um aviso para que tomemos cuidado com esses indivíduos que, em número crescente, prometem o que não podem cumprir, arrogam-se qualidades que não possuem ou oferecem produtos nada confiáveis, como notícias falsas, remédios suspeitos e trapaças online. A lista desses mestres da ilusão (para usar uma expressão bem-educada) pode incluir também alguns evangelizadores, curandeiros e políticos, bem como, convém não esquecer, certos intelectuais. O que explica a proliferação dos charlatões em nosso tempo? Uma das respostas possíveis é que ela resulta das pressões e da sedução exercidas pelos meios de comunicação, sobretudo ...