Em agosto de 1925, uma burguesa do Norte, Mme L., de sessenta anos, que vivia com o marido e os filhos, mata a nora grávida de seis meses durante uma viagem de automóvel, enquanto o filho dirigia. Condenada à morte, perdoada, terminou a vida numa casa de correção sem manifestar nenhum remorso; pensava ter sido aprovada por deus quando matou a nora "como se arranca erva daninha, coisa que não presta, como se mata uma fera". Dessa selvageria dava como única explicação ter-lhe dito um dia a jovem mulher: "Você me tem agora, portanto será preciso contar comigo." Foi quando suspeitou da gravidez da nora que comprou um revólver, a pretexto de se defender contra os ladrões. Depois da menopausa apegara-se desesperadamente à maternidade; durante 12 anos sentira incômodos que exprimiam simbolicamente uma gravidez imaginária.
O Dalai Lama saiu em defesa dos testes termonucleares recentemente realizados pelo Estado indiano, e o fez utilizando a mesma linguagem dos partidos chauvinistas que hoje controlam os negócios do país. Os países "desenvolvidos", diz ele, precisam se dar conta de que a Índia é um grande adversário e não se preocupar com seus assuntos internos. Essa é uma perfeita afirmação de realpolitik , tão grosseira, banal e oportunista que não merecia qualquer comentário se viesse de outra fonte. "Pense diferente", diz o incorreto anúncio dos computadores da Apple que exibe a expressão serena de Sua Santidade. Entre as suposições não confirmadas dessa campanha de cartazes está a crença ampla e preguiçosamente sustentada de que a fé "oriental" é diferente de outras religiões: menos dogmática, mais contemplativa, mais... transcendental. Essa bem-aventurada, irrefletida excepcionalidade foi transmitida ao Ocidente por intermédio de uma sucessão de meios e narrativas, vari