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A ascensão dos charlatões

Vivemos numa era de charlatões? Já se disse muitas vezes que escritores possuem sensibilidade particular para as mudanças culturais de seu tempo. Portanto, a publicação em língua inglesa, nos últimos anos, de dois romances intitulados Charlatans – um de Robin Cook, outro de Jezebel Weiss – pode ser um sinal de alerta de que isso esteja acontecendo. Talvez esses livros sejam um aviso para que tomemos cuidado com esses indivíduos que, em número crescente, prometem o que não podem cumprir, arrogam-se qualidades que não possuem ou oferecem produtos nada confiáveis, como notícias falsas, remédios suspeitos e trapaças online. A lista desses mestres da ilusão (para usar uma expressão bem-educada) pode incluir também alguns evangelizadores, curandeiros e políticos, bem como, convém não esquecer, certos intelectuais. O que explica a proliferação dos charlatões em nosso tempo? Uma das respostas possíveis é que ela resulta das pressões e da sedução exercidas pelos meios de comunicação, sobretudo ...
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Crítica

Sobre a crítica em sua tessitura com a política, cumprem algumas palavras. No entanto, uma vez que a política não é uma esfera isolada nem encerrada em si mesma — manifestando-se em instituições políticas, em normas e em procedimentos — , mas que só pode ser compreendida em seu vínculo com a correlação de forças da sociedade, que constitui a substância de tudo o que é político e que é encoberta pelo que aparece superficialmente como político; tampouco o conceito de crítica deve se limitar ao campo da política no sentido mais estrito. A crítica é por essência democrática. Não é somente o caso de que a liberdade democrática exige a crítica e requer um impulso crítico: ela é mesmo definida por meio da crítica. Não é difícil se recordar a história da questão: a concepção de separação dos poderes, na qual se assentam de Locke e Montesquieu até a Constituição Americana e a todas as democracias presentes, encontra seu ponto nodal na crítica. O sistema de checks and balances e a alternância no...

O Brasil é do senhor Gêzuiz Cristo

  É mais prudente não demonstrar a inteligência na sociedade brasileira. Sua capacidade de raciocinar acima da média pode representar uma ameaça aos senhores feudais.  O brasileiro fala como a massa. Sobretudo, existe certa classe média baixa de espírito que carece de pudor e em nome de seitas fala de um nós abstrato que em nada corresponde no lugar de um eu.  Ser estúpido ou ser mais estúpido que o natural eis a questão para o terceiro mundista. Na periferia do capitalismo, ganha-se fama sendo estúpido e muito dinheiro com a estupidez. Hoje a estupidez é publicamente reverenciada e fábrica telespectadores e usuários sem consciência crítica com muito mais profundidade. O brasileiro é uma paráfrase de si mesmo capaz de enunciar sem a menor vergonha: eu não sou mais estúpido do que os outros.

O Brasil é do senhor Gêzuiz Cristo

  O Brasil está a ser planejado como uma comunidade supremamente violenta, mas também supremamente burra. A exaltação cega da comunidade não exclui a perpetuação da miséria, mas reforça e inevitavelmente leva a ela. Sem uma perspectiva histórica-científica, o terceiro mundista fica sem compreender o poder político-religioso entorno e prepara o caminho para uma aceitação distraída da propaganda de todos os tipos de sentimentos alienantes e destrutivos. Os mais perversos prosperarão como nunca nesse contexto. E comandarão homens e mulheres sem ideais. Nenhuma boa sociedade pode brotar neste meio que lembra um romance de Aluísio Azevedo.

O Brasil é do senhor Gêzuiz Cristo

Nos últimos três anos, mais de 15 mil crianças e adolescentes foram brutalmente assassinados e no mesmo período, mais de 160 mil meninas e meninos até 19 anos foram vítimas de violência sexual.

É nóis!

Nóis que foi colonizado pela família massa não qué cidade limpa e bonita, com gente culta falando difícil, nóis qué a miséria e raciociná como a letra da música bosta do nosso artista de merda. Nóis é favela, nóis adora pobreza e falação de merda. Não tem descanso com a gente, nóis depois vai no culto do pastor gritar e pagar o dízimo em defesa da pobreza. Aleluia!

State Terrorism and Irrational Terror

One leader, one people, signifies one master and millions of slaves. The political intermediaries who are, in all societies, the guarantors of freedom, disappear to make way for a booted and spurred Jehovah who rules over the silent masses or, which comes to the same thing, over masses who shout slogans at the top of their lungs. There is no organ of conciliation or mediation interposed between the leader and the people, nothing in fact but the apparatus—in other words, the party—which is the emanation of the leader and the tool of his will to oppress. In this way the first and sole principle of this degraded form of mysticism is born, the Fuhr-erprinzip, which restores idolatry and a debased deity to the world of nihilism. Mussolini, the Latin lawyer, contented himself with reasons of State, which he transformed, with a great deal of rhetoric, into the absolute. "Nothing beyond the State, above the State, against the State. Everything to the State, for the State, in the State....

AOS RESIGNADOS

Odeio os resignados! Odeio os resignados, assim como odeio os sujos e os preguiçosos. Odeio a resignação! Odeio a sujeira, odeio a inação. Lastimo o doente curvado por alguma febre maligna; odeio o doente imaginário que um pouco de vontade o recolocaria ereto. Lastimo o homem acorrentado, cercado de guardas, esmagado pelo peso do ferro e da vigilância. Odeio os soldados que o peso de um galão ou de três estrelas curva; os trabalhadores que o peso do capital dobra. Amo o homem que diz o que sente onde quer que se encontre; odeio o candidato em perpétua conquista de uma maioria. Amo o cientista sobrecarregado com o peso das pesquisas científicas; odeio o indivíduo que curva seu corpo sob o peso de uma força desconhecida de um X qualquer, de um Deus. Odeio todos aqueles que, cedendo a um outro por medo, por resignação, uma parte de sua força de homem, não apenas se esmagam, mas me esmagam, a mim, aqueles a quem amo, com o peso de seu concurso horrendo ou de sua inércia idiota. Odeio-os, s...

O fascismo é a verdadeira face do capitalismo

A verdade deve ser dita tendo em vista os resultados que produzirá na esfera da ação. Como exemplo de uma verdade da qual nenhum resultado, ou o errado, se segue, podemos citar a visão generalizada de que prevalecem más condições em bários países como resultado da barbárie. Nessa visão, o fascismo é uma onda de barbárie que desceu sobre alguns países com a força elementar de um fenômeno natural. De acordo com essa visão, o fascismo é um terceiro poder novo ao lado (e acima) do capitalismo e do socialismo; não apenas o movimento socialista, mas também o capitalismo teriam sobrevivido sem a intervenção do fascismo. E assim por diante. Esta é, obviamente, uma reinvindicação fascista; aderir a isso é uma capitulação ao fascismo. O fascismo é uma fase histórica do capitalismo; neste sentido, é algo e ao mesmo tempo antigo. Nos países fascistas, o capitalismo continua a existir, mas apenas na forma de fascismo; e o fascismo apenas pode ser combatido como capitalismo, como a forma de capitali...

Uma literatura anfíbia

Amphibious, adj. [Gr. amphibios, living a double life; amphi-, on both sides + bios, life]. (...) 3. having two natures or qualities; of a mixed nature. Webster's Dictionary Graça Aranha é dos mais perigosos fenômenos de cultura que uma nação analfabeta pode desejar. Modernismo Atrasado (1924) - Oswald de Andrade. Venho de um país onde um segmento considerável da população ainda é composto de analfabetos. Isso traz consequências para a literatura e as artes ali produzidas. Nós, escritores, temos considerado que a publicação em livro das obras literárias que imaginamos é tão importante quanto a ação persuasiva que esse livro pode exercer no plano político, caso seja lido pelo restrito grupo social letrado que o consome, ou se noticiado ou comentado pelos meios de comunicação de massa. Na falta de melhor explicação descritiva, valho-me de uma metáfora: o nosso sistema literário se assemelha a um rio subterrâneo, que corre da fonte até a foz sem tocar nas margens que, no entanto, o c...

Ralécracia

Nem um atributo divino poderá corresponder o colonizado do terceiro mundo, seja a classe dominante gospel ou seus subalternos analfabetos secundários, senão gestos embrutecedores, burros e cretinos.  Colocaram o fuzil no rabo de Cristo. Dom Sathanas