Um número assustadoramente grande de pessoas ainda interpreta as escrituras de forma literal.
Será que as pessoas que tomam a bíblia como inspiração para a retidão moral têm alguma noção do que realmente está escrito nela? As seguintes ofensas merecem a pena de morte, de acordo com o Levítico 20: amaldiçoar os pais; cometer adultério; ter relações sexuais com a madrasta ou com a enteada; a homossexualidade, casar com uma mulher e com a filha dela; o bestialismo (e, como se já não fosse o bastante, o pobre animal deve ser morto também). Também é executado, é claro, quem trabalhar no Shabat: a questão é relembrada a toda hora em todo o Antigo Testamento. Em número 15, os filhos de Israel encontram um homem apanhando lenha no dia proibido. Eles o prendem e então perguntam a deus o que fazer com ele. Só que deus não estava a fim de meias medidas naquele dia. "Tal homem será morto; toda a congregação o apedrejará fora do arraial. Levou-o, pois, toda a congregação para fora do arraial, e o apedrejaram; e ele morreu." Será que o inofensivo apanhador de lenha não tinha uma mulher e filhos para lamentar sua morte? Teria ele chorado de medo quando as primeiras pedras voaram, e gritado de dor enquanto a fuzilaria atingia sua cabeça? O que me choca hoje em dia nessas histórias não é que elas tenham acontecido de verdade. Provavelmente não aconteceram. O que me deixa de queixo caído é que as pessoas de hoje em dia queiram basear a sua vida num exemplo tão aterrador quando o de javé - e, pior ainda, que queiram impor esse mesmo monstro do mal (seja ele fato ou ficção) ao resto de nós.
Como disse o físico americano e prêmio nobel S.W., "a religião é um insulto à dignidade humana. Com ou sem ela, teríamos gente boa fazendo coisas boas e gente ruim fazendo coisas ruins. Mas, para que gente boa faça coisas ruins, é preciso a religião." Blaise Pascal disse algo parecido: "Os homens nunca fazem o mal tão plenamente e com tanto entusiasmo como quando o fazem por convicção religiosa."