Descrevi a expiação dos pecados, a doutrina central do cristianismo, como cruel, sadomasoquista e repugnante. Também deveríamos qualificá-la como loucura de pedra, se não fosse pela enorme familiaridade com ela, que anestesia nossa objetividade. Se deus quisesse perdoar nossos pecados, por que não perdoá-los, simplesmente, sem ter de ser torturado e executado em pagamento - condenando, dessa forma, as gerações futuras e remotas de judeus e pogroms e perseguições por serem os "assassinos de cristo": será que esse pecado hereditários também foi transmitido pelo sêmen?
Foi a religião que fez a diferença entre as crianças condenarem ou endossarem o genocídio.
A bíblia é um guia da moralidade entre membros do mesmo grupo, contendo instruções para o genocídio, para a escravização de forasteiros e para a dominação do mundo. Mas a bíblia não é malévola devido a seus objetivos ou à glorificação do assassinato, da crueldade e do estupro. Muitas obras antigas fazem a mesma coisa - a Ilíada, as sagas islandesas, as lendas dos sírios da antiguidade ou as inscrições dos maias, por exemplo. Mas ninguém sai por aí vendendo a Ilíada como base da moralidade.
A religião é sem dúvida uma força que provoca divisões, e essa é uma das principais acusações levantadas contra ela. Mas diz-se com frequência e com razão que as guerras, e as brigas entre grupos ou seitas religiosas, raramente dizem respeito a discordâncias teológicas. Quando um paramilitar protestante do Ulster mata um católico, ele não está pensando: "Tome isto, seu idiota transubstancionista, mariólatra, incensado!". É muito mais provável que ele esteja vingando a morte de outro protestante morto por outro católico, talvez dentro de uma vendeta transgeracional. A religião é um rótulo para a inimizada entre integrantes do grupo/forasteiros e para a vendeta, não necessariamente pior que outros rótulos como a cor da pele, a língua ou o time de futebol preferido, mas frequentemente disponível quando outros rótulos não estão disponíveis.
Sem a religião não haveria rótulos herdados ao longo de muitas gerações.
Sem a religião, e a educação de segregação religiosa, a divisão simplesmente não existiria.