Através das poéticas de Aristóteles e de Horácio, a arte do verso tinha sido, até ele, correlata ao que Nietzsche chamou de Moral de Escravos. Fora então um instrumento de faquirização e domínio emocional das massas ou o marco mítico da teocracia medieval. A poesia exaltava para o povo o poderio da igreja e da conquista. Nela era visível um compromisso mais do que ético, apologético; mais do que didático, pedagógico; mais do que social, político; mais do que religioso, sectário. Nada tinha ela que ver com a moral mas sim com uma certa moral; nada tinha que ver com a verdade mas com uma certa verdade a serviço de interesses sociais e nacionais de classe dominante.
Oswald de Andrade