Foge, meu amigo, refugia-te na tua solidão! Vejo-te aturdido pelo barulho dos grandes homens e apoquentado pelo aguilhão dos pequenos. Os penedos e as florestas saberão calar-se, gravemente, na tua companhia. Assemelha-te de novo à tua árvore querida, a árvore de ampla ramagem, que escuta silenciosa, suspensa sobre o mar. Onde cessa a solidão começa a praça pública: e onde começa a praça pública começa também o ruído dos grandes actores e o zumbido das moscas venenosas. No mundo, as melhores coisas não são nada apreciadas se não houver alguém que as ponha em cena: a estes encenadores é que a multidão chama grandes homens. A multidão não tem nada o sentido do que é grande, quero dizer do que é criador. Mas é sensível aos encenadores e aos actores das grandes causas. O mundo gira em torno dos inventores de novos valores – gira com um movimento invisível. Mas, em torno dos comediantes, gravita a multidão e a glória: e diz-se que “assim vai o mundo”. O comediante tem espírito, mas um espír...
Crítica do cristianismo