Mesmo quem não lamenta o desaparecimento das ilusões religiosas no mundo cultural de hoje admitirá que, enquanto ainda estavam em vigor, ofereciam aos indivíduos ligados por meio delas a mais enérgica proteção contra o perigo da neurose. Também não é difícil reconhecer em todas as ligações com seitas e comunidades místico-religiosas ou filosófico-místicas a expressão de curas tortas de variadas neuroses. Abandonado a si mesmo, o neurótico é forçado a substituir as grandes formações de massa, das quais está excluído, pelas suas formações de sintoma. Ele cria seu próprio mundo imaginário, sua religião, seu sistema delirante, e repete assim as instituições da humanidade.
Sigmund Freud
1856 - 1939